Atravesso dias abreviando lembranças, afastando conjecturas, evitando a dor, mas tem horas em que o peito aperta, sufoca, soluça, arde. Nessas horas desacredito em mim mesma e admito o extremo: eu nunca quis partir. Continuar sem você é suave, até que a crueldade me bata à porta asseverando que acabou. E quando ela chega, traz nos bolsos (classicamente num pequeno frasco) o tempero da contradição: de que não me basta o conhecimento dos livros nem a sabedoria dos crédulos. Não me importam abraços trocados, danças de olhares, doçura de aromas, inauguração de beijos, possibilidades. Não vislumbro a bênção de conhecer tudo, nem quero saber escrever sonhos, respeitar a norma culta, a pertinência temática, a estrutura sintática, a coesão léxica, a coordenação de elementos lingüísticos.. Só quero silenciar em olhares, falar em sussurros, eclodir em beijos, transbordar em carícias, deliciar-me no depois. Quero a lógica dos beijos, a coesão dos abraços, a conexão dos sorrisos. E só. Pudesse eu, navegaria em seu corpo, residiria em seu peito, me abrigaria no aconchego de saber você em mim.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
sábado, 10 de janeiro de 2009
Pablo Neruda - e um 2009 transbordante de amor, amor, amor....
A DANÇA
Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio ou flecha de cravos que propagam fogo:
Te amo secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como planta que não floresce
e leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira.
Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre o meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
P.S.: Sim, ando sumida, silenciosa, mas não triste. É que até 15 de março a clausura se impõe em prol da realização dos sonhos... Quando acontecer eu conto.
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