quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pequena



Eu sabia o tempo todo que podia machucar gravemente. De certo modo, relendo meus escritos, me preparei tanto pra isso que ateei fogo em tudo, agora vejo. Paciência. Ainda não processei completamente o alcance dos estragos. Ainda nem sei bem se fui mesmo eu quem quis, se as circunstâncias me levaram, se foi emoção ou eclodiu a sensatez. Por enquanto, me deixe aqui quieta, silente, só. Preciso parar pra saber se é amor.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Eu desisti!


De verdade, não tô assim feliz, saltitante e satisfeita, afinal sinto que machuquei gravemente as mãos de alguém que, quer queira quer não, quero e sempre quererei muito bem.
Mas a vida é assim. Quando a coisa não tá legal, tornar-se novo, mudar, reagir, repensar, recomeçar é preciso!
Vambora. Sem pensar em nada de ruim. Cabelos furtacor.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mergulho


Porque você me vem como uma brisa suave e depois preenche meus espaços com seus pormenores, expectativas e razões, irresponsavelmente.
Porque seu corpo, seu olhar, seu sorriso, inauguram tempos de ventos, tufões, tempestades, sol extremo, neve, calor.
Porque me toma nos braços e me beija com fúria e delicadeza, porque invade meu território e defaz dos meus limites e ultrapassa as barreiras que impus até aqui.
Por tudo isso e por seus olhos tão doces, quero crer que permanecerá por mais que apenas uma estação.
Apesar dos históricos de indícios e da sua "novidadeira" rotina, quero ser eterna também.
Ontem senti que a ameaça dos espaços vazios poderá ruir minhas estruturas e causar terremotos de diversos graus na escala richter... Seja o que for, mergulhei de cabeça e estou fundo demais. Não trouxe oxigênio. Não dá pra, de repente, simplesmente emergir.
O pior mesmo é a constatação de que, doa o que doer, minha vontade íntima é permanecer submersa.

quarta-feira, 27 de junho de 2012


Quando me apaixono, tenho esse fogo queimando o peito que não me deixa dormir! E quero viver mais, porque já me conheço o suficiente pra saber de mim. Sei que haverá mais momentos em que minha alma estará quieta e clara, e quero adiar... de modo que espalho sons por todos os lados, canto alto, rio à toa, uso boca escarlate, unhas pastel, olhos pretos, alma carmim. Preencho todos os espaços desse euforia evitando a literatura, que me vem farta com a dor do depois. Não é um amor. Pelo menos não apenas. É a surpresa de saber-me viva e pronta, o prazer da redescoberta de uma de mim que jazia silente e triste, num canto qualquer da alma. O que me entorpece e toma os sentidos é simplesmente o poder sentir. E que viva a ilusão da eternidade em abraços e beijos secretos, mensagens noturnas, olhares fugidios, carícias escondidas... que viva enquanto durar. Que viva o suficiente pra que haja lembranças fartas quando se instalar o tempo do silêncio e dos relicários de memória.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Das flores e de ti


Tenho janelas e portas abertas, luzes acesas, vento correndo suave pelas paredes da alma. Ornei a casa com flores muito belas, os olhos com esperanças, o corpo com porvires, a boca com anseios, as mãos com carinhos. E, fechado o ciclo dos senões e porquês, agora tenho na alma a sensação de reestreia que é quase doce, quase leve, e me deixa quase completamente tomada pelo torpor de bastar a mim mesma com as sensações que trago no peito.  Está tudo pronto. Pode vir. Senta aqui, olha pra mim e, prometo, a contemplação não há de permitir que eu perca uma só palavra. Dá-me tuas mãos e me abraça que eu vou reter os segredos do teu cheiro e do calor que vem de ti. Enquanto isso, contarei as tuas frases, perceberei tua cadência, teus tons, a recôndita intenção. Depois, perdida no reencontro, eu sei que vou sorrir.

domingo, 10 de junho de 2012

Agora


http://www.1000imagens.com/ - Tereza Fonseca


Agora que teus olhos me fitaram de tão perto, que as texturas do teu corpo já me são familiares, agora que teu cheiro entrelaça minha pele, que tua boca tatuou nas minhas entranhas os caminhos de tanto prazer... Agora que alcanço a ti e aos teus encantos, verdadeiramente... Gostaria de apenas poder fazer-te apaixonar desesperadamente. Mas a maturidade me cega (ou conduz) e impede que me entregue e me impele a dizer coisas sensatas e rir dos teus romantismos só pra te fazer mais menino, mais inseguro, um tanto mais suspenso nesse espaço-tempo de pomenores desconhecidos pra ti. Não sabes o quanto posso me apaixonar. Melhor que permaneças assim - ignorando minhas profundidades extremas. Mas intimamente quero te ser mistério e luz, saudade e segredo, lembranças e desejo. E espero também sair ilesa desse jogo que pode mesmo machucar. Por hora ficam teus olhos em mim, tuas mãos nos meus cabelos, tua pele na minha, as marcas físicas recentes de uma paixão consumada. Sem depois.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Society

When you want more than you have, you think you need...And when you think more than you want, your thoughts begin to bleed... I think I need to find a bigger place, because when you have more than you think, you need more space!
(Society)

Porque um dia, quisemos nos vincular apenas a verbos de ligação: (ser, estar, permanecer, ficar, continuar...) sonhávamos com a proximidade, lidávamos com contato físico o tempo todo, das brincadeiras às primeiras conquistas amorosas, passando pelas euforias, dores e conflitos dos ganhos e perdas. Era tudo sentido na pele. As invenções da sociedade o corromperam? Onde está agora o seu melhor amigo? Do outro lado da tela? E sua vida? Esvaziada pelo correr atrás de tudo o tempo todo? O que foi feito dos seus amores? Das relações do seu dia a dia? Quanto tempo tem se dedicado a sonhar com coisas reais? A sentir aromas e sabores, a aguçar o tato, a visão com as belas coisas que o cercam? Quanto você perdeu na tentativa de ter sempre mais? De quanto espaço a mais você já precisa pra guardar sua "tranqueira"? E o acúmulo de materialidades ajudou você com a administração da tristeza? Você ainda consegue assumir sua humanidade? Hum?



domingo, 8 de abril de 2012

Cara! A quanto tempo, hã? (sem figurinhas)

E desde então, tanta coisa rolou...
Minha Bi se descobriu com câncer, lutou (e permanece lutando), experimentou dores atrozes, silêncios profundos, redescobriu, igualmente o amor dos outros e por si própria. A luz depois de um tunel desses é bem mais tenra do que se pode imaginar.
Sobrevivemos, enfim. Mas nem tudo foram dores no tempo de ausências a que me permiti. Eu sou assim: parto e retorno com a doçura de quem nunca irá aprender de si o suficiente.
Acabo de me lembrar de uma frase da Clarisse que nem lembro de verdade... amanhã posto aqui o inteiro teor, mas em suma, ela diz que quem não tiver força pra enfrentar a vida, que se cubra de desculpas e coisas afins.
É isso. Tamos na área, camaradas. Por enquanto. Pra ficar.