Tenho janelas e portas abertas, luzes acesas, vento correndo suave pelas paredes da alma. Ornei a casa com flores muito belas, os olhos com esperanças, o corpo com porvires, a boca com anseios, as mãos com carinhos. E, fechado o ciclo dos senões e porquês, agora tenho na alma a sensação de reestreia que é quase doce, quase leve, e me deixa quase completamente tomada pelo torpor de bastar a mim mesma com as sensações que trago no peito. Está tudo pronto. Pode vir. Senta aqui, olha pra mim e, prometo, a contemplação não há de permitir que eu perca uma só palavra. Dá-me tuas mãos e me abraça que eu vou reter os segredos do teu cheiro e do calor que vem de ti. Enquanto isso, contarei as tuas frases, perceberei tua cadência, teus tons, a recôndita intenção. Depois, perdida no reencontro, eu sei que vou sorrir.
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