terça-feira, 7 de junho de 2011

Só ele mermo. Reflitamos, amigos.

"Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.

Vistos os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimo, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!

Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir."
(Carlos Drummond de Andrade, Nosso Tempo, I)

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Ah, vai, me dá uma chance... Nem faz tanto tempo assim.
Voo livre de volta, mergulhando na ausência de caos que o silêncio (e só ele) sabe proporcionar, tenho a dizer que, de fato, só as boas meninas fazem diários. As más não têm tempo.
Saudade de tudo isso.