Tem horas em que você estava, e não está, nem estará mais. Sinto falta do colo, da proteção, do calor. E tenho a impressão de que tudo, tudo, tudo o mais mesmo, ficou menos colorido depois que me tornei quem sou. E depois que parei de caber inteira no seu colo, depois que meus olhos enegreceram e meus braços ficaram quase ou tão mais longos que os seus. Quisera ser ainda menina, pra caber nos seus sonhos de pai. Quisera poder congelar meu sonhos e planos, e esperar até que você me amasse um tanto mais, sem desconserto, clausura ou distância. Quisera poder ainda prendê-lo a mim com meu amor. Proteger você da vida, como quis fazer comigo um dia. Quisera eu ser ainda o que era, pra ter o seu amor daquela cor, naquela textura, sem te saber humano e frágil. Não tenho mais senão essa lembrança de cheiros e abraços, senão essa mágica hora de me deitar pra você ninar e velar meus sonhos, senão a proteção daquele que não me sabe grande, que não quis me deixar crescer.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Dúvidas certeiras
A tempos você dói em mim. Há momentos em que não sei se seus olhos querem me dizer "vá embora" ou "estou aqui". Não sei bem ler nas entrelinhas do seu silêncio desconsertado como sabia noutros tempos... e não encontro a poesia adormecida e doce dos seus olhos distantes como encontrava outrora. Não há aroma de porvires nem expectativas de véspera no meu caminhar. Talvez isso signifique que deva acabar, que deva ser conjugado no pretérito perfeito porque, afinal, não somos mais só você e eu e nossos sentimentos. Não é mais sobre se vamos desistir de tudo o mais e seguir adiante unidos pela força deliciosa de amar escancarada e destemidamente. Agora é sobre dúvida e dor, sobre impossibilidades e sobre a tremenda carga que todas essas palavras mal ditas já exercem sobre nossos ombros. É ainda mais difícil porque, covardemente e nas sombras dessas odiosas certezas, você me deixou a sós pra definir se continuo comendo migalhas do que já houve entre nós, ou se decido partir. E por ter feito assim, talvez você tenha mesmo me dado a sua resposta, a resposta de quem lava as mãos: dizendo pra eu decidir, hoje você me diz pode ir...