Tua presença se subentende nos olhares e nas ofegâncias diárias, nas orações silenciosas estão teus olhos e o cheiro morno do teu pescoço vive impregnado em todas as frestas desse tempo de incertezas. Não sei bem se vivo ou morro sem ti. Impuseste-me a ausência ofertando-me de beber num recipiente muito fino e prometeste o não eterno às minhas entranhas embebidas em ânsias e senões. Ante a enorme teia de prescindibilidade que nos cobre, resta-me prender as lembranças entre os dias, alimentar a memória daqueles que fomos. Desejar não esquecer o quanto fomos felizes e plenos, repletos e iluminados. Contemplar o desejo de eternizar os beijos em molduras de cristal pra, olhando-as, guardar em segredo eterno a certeza de que existe ainda amor, embora ele já não subsista em nós.
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