Pior que olhar seus olhos e ter vontade de chorar, de gritar, de pedir, implorar. Pior que a vontade de amar você, que algumas vezes ardia. Pior que esperança desmesurada da ressurreição dos sentimentos atados, contritos, ocultos. Pior que a raiva de amar sem censura, sem limites ou medos, sem prós ou contras, sem razões ou justificativas. Pior que o gosto amargo das palavras duras e pior que o silêncio forçado do fundo do peito ocultando zilhões de pedidos. Pior que vê-lo em silêncio e desejar estar perto, invadir o seu mundo, seus minutos sozinho, suas secretas passagens e seus esconderijos, ocupar todos os lugares onde não me foi dado entrar. Pior que tudo isso é esse nada que se avizinha. Esse gosto oco de solidão. O silêncio que não precede nenhum esporro, que não pede atenção, que não clama e não quer. Pior que a raiva que havia é o olhar que já não diz nada. O choro que não quer mais surgir. O medo de perder que cedeu espaço a essa intensa vontade íntima de estar só. Antes só. Pior que a raiva de amar, que o medo de perder, que a vontade de insistir, que os chumbos trocados, que as dores guardadas são essas visíveis cicatrizes que nem o nada apaga, são esses poços profundos onde jazem uma de mim que quis, um de você que morreu, isso tudo de nós que por desventura se foi. Pior que tudo isso é não haver saudade.
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