quarta-feira, 28 de outubro de 2009
acontece
sábado, 24 de outubro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Não precisava
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O que dizer do amor?
Mas que será o amor senão essa sucessão de sons e cheiros, esse tilintar de estrelas nos olhos, vertigens e calafrios, esse querer desmesurado, esse conflito por ficar ou partir? Onde estará o amor senão nas palmas das mãos daquele que bem-te-quer, nos lábios que realizam sonhos, na distância de mil dias que materializam saudades, na simplicidade do dia a dia, nas descobertas silenciosas? O que esperar do amor senão que te faça sorrir, que te permita conhecer a si mesmo e ainda assim se perder nos braços de outro alguém? O que querer dele senão que esteja, permaneça, retorne sempre mais arrebatador pra te provar que existe alegria, que qualquer relis mortal pode sim, ter um jardim nos olhos, orquídeas nos braços, sussurros na alma ao meio dia? O amor pode ser construído como se faz em poemas, nas cenas dos filmes, nos romances inventados? Ou ele nasce com um quê de mistério, nos olhos de um ilustre desconhecido cuja presença e permanência não se pode ignorar? Como lidar com a dúvida permeando os dias inglórios em que não se sabe do amor? O que será? Onde encontrar? Como plantar? Como (es)colher? O que pensar? O que dizer do amor???
sábado, 10 de outubro de 2009
Sem título, sem imagens, com razão.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O amor acaba
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois de uma noite voltada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; (...) ; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; pra recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
(Paulo Mendes Campos. In: crônicas líricas e existenciais. 2ª edição, RJ: Civilização Brasileira, 2000, p. 21-22).