sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cautela

Quando o assunto é sério, todo silêncio é pouco. E digo isso porque o mundo gira, a vida espreita suas ocultas intenções do alto da sabedoria de quem nada deve. Ele segue registrando e você segue tentando, com as armas que tem, não dar tanta cabeçada. Mas erra de novo quando emite a palavra ferina, ou acredita na frase de amor inventada no momento de distração. E depois que a palavra sai, ela gruda em você e no emaranhado de ocorrências que ela desencadeia. Dizer do sentimento é privilégio de quem tem bala na agulha o suficiente pra saber o que quer, quando quer, como quer. E quem não sente mas acha ou finge que sente, na verdade não tem muita noção de que vai sair por aí atirando em gente inocente, criando cenas para o próprio deleite (ou tem sim, mas não se importa em tentar). O que você diz tem uma carga enorme e chega de maneira sutilmente diversa pra quem ouve conforme o momento por que passa o ouvinte. Assim, 'eu amo você' pode significar o cumprimento de uma obrigação protocolar e um 'tudo bem? como vai?' pode ter ares de 'amor para sempre'. Cuidado com o que diz porque ainda não inventaram borracha que apague palavra.

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