quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Do amor



Como se jamais houvesse terminado. Como se o acordo de distâncias tivesse sido feito em prol do amor. Como se tudo o que tivessem vivido desde a separação fosse previamente calculado para aproximá-los cada vez mais da plenitude, da longevidade, do aconchego da eternidade que todos os amantes pretendem. O verdadeiro amor é aquele que não pode ser consumado, sabiam disso desde que desejaram pertencer um ao outro. Então quiseram ser para sempre e se arriscaram a perder-se um do outro quando veio a despedida. Agora seguem em frente como quem anda sobre a areia de pés descalços. Sabem que estão um no outro como o sal no mar. Sentem a aproximação mútua como sol forte de verão. Aguardam o dia de sentir sob os pés uma vertigem de abismos assim que chegar a onda de tempo que trouxer de volta o amor de antes, cobri-lo de flores e perfumá-lo com mirra. Sentir-se-ão vivos como se jamais tivesse havido fim. Terá então, sido pra sempre. Um pra sempre que nunca acabou.

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