Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas - pseudônimo: Cora Coralina
* 20/08/1889
+ 10/04/1985
Ela nasceu com a república, morreu antes que se promulgasse a Constituição Federal de 1988. Começou a escrever muito cedo, em 1903 (aos 14 aninhos) e publicava nos jornais de Goiás usando já o pseudônimo que a consagraria para a posteridade. Nos anos áureos da rebeldia e da paixão desmedida (1911), fugiu pra Jaboticabal, interior paulista. Imagine o que era fugir de casa aos 22 aninhos de idade, com um homem di-vor-ci-a-do queridos leitores e leitoras!!! Tragédia mundial pra família... Que atrevida apaixonada ela foi!!! Isso lhe rendeu muito sofrimento, porque o marido era um orangotango genuíno - muitos vivas assim mesmo (não por acaso, uma musa). 23 anos, 6 filhos e muitas brigas após (o marido até a proibiu terminantemente de participar da semana da arte moderna - foi convidada por ninguém menos que Monteiro Lobato), ela vai pra São Paulo Capital ser vendedora de livros numa editora (José Olímpio) que lançaria seu primeiro livro: "o poema dos becos de Goiás e estórias mais". Cora pra mim, representa o atrevimento doce daquela que espera pela realização de um sonho. Esperou como boa moça, o enterro do marido (que era de modos rudes e absolutamente contrário à liberação da musa) pra se descobrir como escritora, poetisa, mulher. São demais os encantos de seus escritos. Um parco conhecimento sobre sua vida torna ainda mais doce sua obra. Parecia estar sentindo sobre mim mãos muito suaves enquanto lia, e ficou difícil escolher apenas um poema, mas trato é trato. Deliciem-se.
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.