terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal reinventado


Faltam 4 dias para o Natal.
Hã-rã...
Eu não quero fazer apologia a nada, não quero combater nada, nem sugerir o que quer que seja, mas sinceramente, tá na hora de reciclar a própria idéia de natal. Sou eu ou o mundo tá chato pra cacete? Isso tudo virou comércio?? Puro??!! Sem nove horas? Juraaa? Onde eu estava enquanto isso acontecia?
Acho que estou envelhecendo; rápido.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A NASA divulgou que, desde o início da semana, estamos na maior chuva de meteoros dos últimos tempos. É assim mesmo: quase tudo o que brilha se decompõe antes mesmo de chegar ao chão.

Aproveita o vento



Depois de muito tempo sem nada de relevante a dizer, escutei uma frase simples que despertou esse meu instinto mais primitivo e a explicação, sem mais delongas, para o fato de eu estar, por assim dizer, fora do mapa: o cara falava sobre o tríplice significado da palavra muda: "muda" de sem voz, instrospectivo, buscando algo... "muda" de mudança, alteração, novidade... "muda" de planta, de coisa nova, de nova vida. Caramba, quando alguém tem algo de relevante a dizer, vai lá e te dá um tapa de um semestre na cara, sem delongas. Ele disse essa coisa triplicemente simples (com o perdão do neologismo que eu nem sei se pegou lá muito bem - sic) e cantou uma musiquinha cujo refrão alerta docemente:

"Aproveita o vento
sai desse tormento
parte pro céu da vida
pra aventura de se entregar
ao mundo, às pessoas, ao amor.

aproveita o vento
e muda essa cara
de poucos amigos
deixa a nuvem negra passar
que o sol derrama prata sobre o mar

quando o vento bate é bom saber
a medida certa pra voar
muita coisa vai ficar pra trás..."

Você não terá a mínima idéia se não for lá ouvir. No site tá facílimo escutar, e é uma delícia, recomendo fortemente. Então depois que escutar amoreco, você volta e me diz se o vento não está passando veloz...

domingo, 17 de outubro de 2010

Adivinhe quem é???



"Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”


A Clarisse de novo dizendo tudo por mim. Sabe aquele hiato de inspiração que te toma tudo das mãos? Como se nada estivesse verdadeiramente sendo provocado, como se as coisas independessem de decisões e estivessem te atropelando todo dia? Como se a figura no espelho fosse uma imitação barata de você mesmo? Pois é. Será que abandonar a impulsividade nos torna menos originais de fábrica? Será que amadurecimento não o véu da incompetência, uma luva da covardia? Sei não, hein!

sábado, 16 de outubro de 2010

Rá!

No comments

The Bet


Eu tentei inventar um texto, uma frase, um ponto, uma vírgula pra dizer deles. Apaguei zilhares de vezes porque simplesmente não posso! Sou impotente perante o amor. Um é nada menos que meu melhor amigo, meu irmão, meu colo, meu norte, meu pai e meu primeiro filho, minha inspiração e a referência quando a perco de vista. Outro é o amigo, grande amigo... de muitos anos, que mora longe (na verdade quem mora em far away sou eu), mas daqueles que eu não lamento por não ver direto e reto porque sei que, da próxima vez que o universo conspirar para que estejamos juntos, ele será o mesmo abraço, o mesmo olhar de sonhos, a mesma talentosíssima maneira de dizer tudo que quer e precisa e de liberar sentimentos entre acordes e sorrisos de canto de boca. Berns, Pês, tô aqui! Podem apostar! Que inspiração, hein?? As pessoas podem até prestar atenção em outras coisas, mas já vi vocês dois compondo e sinceramente, a parte de que mais gosto é aquela em que, terminada a explosão de cores e vozes e acordes e pensamentos não revelados, vocês se entreolham e se cumprimentam e sem dizer praticamente nada, sabem em segredo que redescobriram o caminho pro de dentro. Que depois de tantos caminhos percorridos, de tanta coisa vivida, tá tudo lá dentro, bem guardadinho! Que coisa boa de se ver!!!!!!

Ah, amores mios: Berns está de casa nova. Vá lá... e conheça o intimista LADOBE... corre música da boa nas veias desse meu irmão de fé!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pra você Guará


Se ainda não foi, vá agora! O Guará Matos (totalmente demais!) inaugurou o mais aconchegante e inesquecível happy hour de todos os tempos. Hoje saí de lá de alma lavada cantando com o Lobão e com uma tontura leve e fina graças a algumas doses do drink de limão (acho que é especialidade da casa). O dono blá (apelido carinhoso pra blablabla no telecoteco) é o anfitrião mais tudo que você puder imaginar. Caramba, ele pendurou quadros de Tarsila a Portinari nas paredes... só de olhar você se enche de inspiração! Mas eu gostaria de ter chegado na estréia - luminosamente estrelada por Cartola!!! Mas tem como viajar pra estréia e apreciar (vá lá pra você ver). Guará, querido, você não tem NOÇÃO do que fez com a minha alma hoje. Muitos vivas! Que sensibilidade... Senti-me em casa!!!!!!!!!!!! "Se eu ainda pudesse fingir que te amo, ai, se eu pudesse... mas não posso não devo fazê-lo, isso não acontece" Demaaaaaaaais! To-tal-men-te demais!

domingo, 19 de setembro de 2010

Segredo

Por causa da minha posição profissional não deveria dizer isso, mas respaldada por uma cláusula pétrea constitucional, eu direi.
1) O melhor debate de todos os tempos: vice-presidenciáveis.
2) São 12 os candidatos a presidente da república. Por que a mídia escolhe sempre 4???????????
Tem coisas que só a philco faz pra você.
Tenho dito ponto com ponto beérre. (Que tal, guará matos? Você que anda inaugurando novas casas poderia pensar no tenho dito ponto com ponto beérre, hãm? Tô dentro)

Para Erikah, Wanderley e cia ltda.


A Erikah postou um comentário tão absolutamente intenso no post anterior (o que não se manifesta como novidade, tendo em conta a sua rotineira forma de transcender o nada que nos cerca), que me fez pensar, e pensar, e repensar pra então concluir: "putz, não sou extraordinária assim, cara!". E então recordei a frase do Carlos Drummond "sem feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade". Verdade, viu Erikah e companhia ilimitada? Tive vários amores eternos que duraram alguns meses, outros improváveis casos que se tornaram casamentos, tenho um filho pequeno e às vezes simplesmente não sei o que fazer pra ser melhor pra ele do que sempre fui pra mim mesma. Tenho medos (das não-escolhas, essencialmente), alergia a esmalte (e o hipoalergênico sempre me chateia porque não brilha tanto, porque não dura o suficiente, porque custa dez vezes o valor que as mulheres não alérgicas pagam para terem unhas lindas), um meio-marido que não entendo, coisas, histórias e pessoas passadas que vez em sempre me revisitam sem motivo aparente. Tenho dores agudas nos pés quando fico tensa (ponto fraco dos piscianos, verdade! juro!) e passo horas a fio planejando como fazer aquela oração que vai salvar meu dia. Sou crédula e me perco entre lágrimas quando vislumbro boas coisas, pessoas generosas, novidades reais, imaginação fértil e sexo intenso. Portanto, a junção de marte e vênus vai sendo descoberta dia após dia e as quedas e cicatrizes é que tornam as pernas lindas! Celulites, estrias e o adeus do homem que você pensou que seria eternamente seu não são catástrofes reais. Ser feliz com todos os buracos dos pregos tirados das paredes da alma é que verdadeiramente fará de você uma pessoa leve. E digo mais: tá doendo? Vai passar. Ah se vai! E haverá um momento lindo na sua vida em que você sentirá de forma quase sobrenatural que apesar de... você está de pé. Isso, amores, fará com que Drummond tenha toda razão!
P.S: Sobre o Wanderley: captou a mensagem escrita bem lá no fundo dos olhos lindos do Chico, querido! Beijo na alma.
mais pê-ésses: Guará querido lindo, fofo, genial: irei ao bar do "blá", certamente e vou me deliciar, eu sei. Isaac, amore: também sinto saudade demais, mas a morte dela (a saudade) se dá na infinitude do momento em que leio você nas escolhas textuais mais sintonizadas ever!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Leve


Toma minhas fragilidades em teus braços fortes porque faz tempo, muito tempo... Agarra minha disponibilidade e aproveita, toma tudo isso pra si, porque uma palavra dita assim, no escuro da distância, não fere, mas apetece e cola os cacos (TEUS POBRES CACOS. ESTOU INTEIRA). Traze-me de volta à tona, à tua superfície, ao teu universo, porque tenho estado tão minha, tão solta, tão leve, que não caibo mais em tuas pequenas frestas, nem posso aceitar no alto de minha torre de amor próprio tuas parcelas de carinho. Toma, aliás, a ti mesmo, e anda rumo ao nada que escolheste porque eu, querido amor, amado amigo!!! Eu tenho estado leve, solta, entregue e feliz assim! Não tenho mais saúde pra te acolher (o que é de público, uma atrasada pena)! Mesmo assim, te surpreendas: estou como nunca, jamais, tempo algum impermeável à dor.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

psiiiiuuuu


Eu em seu lugar, não sondaria meus sonhos, não invadiria o sono, não andaria descalça pelas nuvens em meios-tons. Em seu lugar, me faria de tola, dormiria quieta como quem dá as mãos aos porvires, silenciaria medos e não perguntaria os porquês. É que em sendo você, teria medo das sombras, das lembranças e das cores, temeria até as esquinas, ondes, comos e quem encontrar. Durma quieto e não me faça perguntas para cujas respostas não estiver em perfeita forma. Porque do sono em diante tudo pra mim é mero deleite e pode ser que eu aceite o adeus sem abrir mão das minhas próprias promessas, das quimeras e das trevas reservadas para mim.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Paradoxal

A frase: "Um homem não entra duas vezes no mesmo rio.
Da segunda vez não é o mesmo homem nem o mesmo rio"
(Heráclito de Éfeso)

Paradoxos máximos: fogo e água; perder pra encontrar; doer pra então sarar; amar o outro pra ser um só; desejar e lutar e correr e não descansar pra então se ver cercado de paz e tempo. Foi assim e hoje posso falar na primeira pessoa do singular embora não tenha feito tudo sozinha: lutei, chorei, sangrei, sofri, desejei, corri, senti minhas dores atrozes, perdi até o rumo da minha própria alma e agora o que vejo em volta é a coroação da glória do voltar pra mim. Vamo que vamo que eu tô de volta. Visitarei cada uma das fofulências que me deixaram beijinhos e carinhos enquanto estive fora e por hora é só: tudo e mais um tanto de inspiração.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A vida acontece em cilcos, vertiginosamente. Hoje eu quero apenas "uma pausa de mil compassos"** pra contemplar o passar do tempo e o reafirmar de um mar revolto de sensações.
**Paulinho da Viola

terça-feira, 22 de junho de 2010

Thinking about...

Quem tiver os créditos dessa imagem, favor avisar a direção do cafofo. Tô tão cansada que hoje foi na base do copy-paste by google. Beijo me liga.

Não posso dizer que estou situada. Muita coisa ultimamente. Mas isso interessa tanto quanto o fato de eu não estar assistindo a nenhum jogo da copa do mundo, não saber o que o Dunga pensa da vida, não ter nenhum fio da meada pra um papo sobre favoritos ao título. Interessa tanto quanto eu ter ficado sabendo da morte do Saramago ontem, quando já tinha passado tudo. Tanto quanto eu estar sabendo dos humores e das dores do meu filho por telefone, não ter notícias do meu pai a meses, não fazer sexo nem amor a algum tempo. Não estar situada é tão absurdamente superficial quanto esse texto, quanto a greve total em Brasília, quanto o quinto rompimento de blá blá Júnior. Grave é o movimento das ondas do mar, inelegibilidades, desabrigados no nordeste, crescente massa de iletrados, proximidade das eleições 2010, buraco na camada de ozônio, sustentabilidade. Grave é não ter parâmetros pra sorrir o seu sorriso ou doer a sua dor.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

again

"Nada mais continua. Tudo vai recomeçar. E sem nenhuma lembrança das outras vezes perdidas"

(Mário Quintana)

Como quem recebe flores, como quem percorre o terreno dos sonhos, como quem crê no invisível, aguardarei um tanto mais. Enquanto houver força em meus braços esperarei pelo abraço forte que resgatará a energia imortalizada em nós. Enquanto esperar, esquecerei as friezas que visitaram teus olhos e das agruras que quase minaram tua fé. Deter-me-ei ante teu rosto suave, límpido, pleno de luz como quem recebe um magnífico presente. Teus braços erguidos diante de mim dirão imóveis que me queres e que olhavas o horizonte pedindo pra eu chegar. Enquanto não chega o dia, clama fortemente para que haja luz suficiente nas mudanças que se avizinham e que haja terra sob nossos pés e que queiramos caminhar lado a lado. Depois de ver meus olhos rasos aguardes um tanto mais e não te apresses muito o passo na minha direção. Quero te olhar de longe, saber do teu sorriso farto, do brilho dos teus olhos, do milagre e da grandeza de poder recomeçar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Era uma vez...

Leonid Afremov - Bonded by the night
Era uma vez um sonho. E duas pessoas próximas que não se sabiam uma na outra, e que se entreolhavam sem medo e sem dor. Era uma vez uma amizade enorme e sincera e a distância que se perfez entre as almas e a saudade que começou a tomar conta de tudo e abraçar as vidas de ambos. Era uma vez o reencontro a despertar o desejo e a descoberta do beijo, da entrega, do amor, dos corpos, dos cheiros, das cores, de novíssimos tons. Era uma vez um sonho maior que não caberia no mundo, que reinventaria a plenitude, que desfaria das tristezas inaugurando flores a cada amanhecer. Era uma vez um tempo em que só havia sorrisos e planos, quereres e carinhos, amor e respeito, prazer e ardências. Era uma vez o erro. Era uma vez a lágrima, a angústia, a dor aguda de ser humano e de se ver novamente, completamente só. Era uma vez a autofagia, mil pedidos de desculpas, as mãos de pesados nãos. A chegada do abandono, a densidade do desencontro, a tristeza do rancor. Era uma vez o nó, a reticência no peito, o espaço aberto na vida, a gaveta branca de guardar lembranças doces e o delinear da solidão nos menores indícios de vida. Era uma vez o vazio em um lugar que era antes o sacrário do eterno amor...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mergulhando



O blog está a-ban-do-na-do. As leituras e releituras igualmente. São almas que conheço em corpos que nunca vi, mas que me fazem falta. É que por muitos meses eu esperei pela realização de um sonho que parecia absolutamente esquecido pelo universo em desencanto, e de repente ele se materializou em forças e tramas indesvencilháveis. Tenho mergulhado de cabeça nisso tudo e vim morar em Far away, feliz, feliz! Como sói acontecer com quem se entrega à aventura do jogar-se do alto em águas desconhecidas, estou inteiramente entregue: saí de onde estava de olhos vendados rumo a águas profundas. Da superfície eu nem fazia idéia das milhares de cores e formas que aqui se escondem. Sou o pai e a mãe da felicidade e sim, estou transbordante de força e luz. Posso dizer que embora a estrutura em Far away seja mais tênue que o fio da navalha, até que tudo se resolva eu darei sinais de fumaça de quando em quando. Quero deixar meu amor, carinho e gratidão às palavras lindas que tenho recebido mesmo no meu próprio silêncio: Érikah, Mari, Isaac, Charlie, Carlos, sempre queridos... e a nova e não menos querida Pipa, valeu, amorecos. Prometo com todas as forças do meu fôlego intenso que, tão logo possa, retribuirei cada afago à minha alma, ok?? Por ora deixo meus abraços, carinhos, beijinhos sem ter fim. Acredite no sonho, inspire mais uma vez. Você vai ver tudo o que realmente quer se realizar.

sábado, 5 de junho de 2010

Reinauguração



Que este tempo de esperas não me tenha secado por dentro. Que as lágrimas não me tenham drenado a doçura. E que haja tolerância pra aguardar que o céu clareie. Que a tempestade finda tenha oxigenado suficientemente o solo para que surjam em mim novas flores. Que seja possível sentir - enquanto escoam as águas e arrefecem essas nuvens pesadas - que nada foi por acaso afinal: que tantas lágrimas e ranger de dentes eram mesmo necessários; que tantos e tamanhos questionamentos não se esvaziaram em si mesmos, antes produziram fortes raízes -perguntas que não mais farei a mim mesma; respostas que reinauguram a paz. Que ainda haja sorrisos pros passantes, doses homéricas de senso de humor, alegria de coisas simples, flores na janela. Que eu ainda esteja em mim. Uma nova chance é tudo que espero... uma nova chance de ser e querer viver sem medo. Sono sem tarja preta, passos desvigiados, sorvete de limão no frio, chocolates quentes nas noites de verão. Lágrimas? Tem mas acabou. Que invertendo a ordem natural das coisas, se reinaugure a era das orquídeas não roubadas, gargalhadas fáceis, papos descompromissados, intensidades, gozo, lilases e carmins.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Musas - Cora Coralina




















Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas - pseudônimo: Cora Coralina
* 20/08/1889
+ 10/04/1985

Ela nasceu com a república, morreu antes que se promulgasse a Constituição Federal de 1988. Começou a escrever muito cedo, em 1903 (aos 14 aninhos) e publicava nos jornais de Goiás usando já o pseudônimo que a consagraria para a posteridade. Nos anos áureos da rebeldia e da paixão desmedida (1911), fugiu pra Jaboticabal, interior paulista. Imagine o que era fugir de casa aos 22 aninhos de idade, com um homem di-vor-ci-a-do queridos leitores e leitoras!!! Tragédia mundial pra família... Que atrevida apaixonada ela foi!!! Isso lhe rendeu muito sofrimento, porque o marido era um orangotango genuíno - muitos vivas assim mesmo (não por acaso, uma musa). 23 anos, 6 filhos e muitas brigas após (o marido até a proibiu terminantemente de participar da semana da arte moderna - foi convidada por ninguém menos que Monteiro Lobato), ela vai pra São Paulo Capital ser vendedora de livros numa editora (José Olímpio) que lançaria seu primeiro livro: "o poema dos becos de Goiás e estórias mais". Cora pra mim, representa o atrevimento doce daquela que espera pela realização de um sonho. Esperou como boa moça, o enterro do marido (que era de modos rudes e absolutamente contrário à liberação da musa) pra se descobrir como escritora, poetisa, mulher. São demais os encantos de seus escritos. Um parco conhecimento sobre sua vida torna ainda mais doce sua obra. Parecia estar sentindo sobre mim mãos muito suaves enquanto lia, e ficou difícil escolher apenas um poema, mas trato é trato. Deliciem-se.

ASSIM EU VEJO A VIDA

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sem saída.

“Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
- Sim.”

(Clarisse Lispector)

Essa sensação que não consigo definir está despindo meu desejo às avessas, desfazendo os entendimentos sem citar as fontes pra me desmascarar: exigente, imperdoável, implacável na arte de querer mais e melhor. Como se tivesse a pretensão de ser perfeita. Como se os vãos na alma não me fizessem chorar, como se minhas próprias máscaras não estivessem realmente gastas, como se minhas sutilezas fossem menos vis que as demais. Descubro-me num beco sem saída. Já não sei dizer se sou franca ou cruel. Não sei se minhas palavras elevam os destroem. Nem se minhas pretensões conscientes são realmente demonstradas quando a verbalização é o meio que encontro pra dizer a que vim. Aquilo que eu desejo é justamente o que se desprende de mim sempre que me abro. E não sei responder, se me perguntarem, porque a franqueza me apetece a ponto de não ter limites pra ferir. O pior é que talvez isso seja somente egoísmo. Porque afinal, não posso ferir ninguém sem me sangrar. Talvez seja isso: ou salvo você ou me perco de mim.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Ah, tá.


"Amar é como ter um pássaro pousado na mão.
Quem tem um pássaro na mão sabe que ele pode voar a qualquer momento."

Rubem Alves

Olha, eu quis te acalentar várias e várias vezes. Quis te pegar no colo como criança e descobrir teus medos e teus anseios, teus traumas, tuas reverberações. Eu quis profundamente entrar no teu mundo e sentar numa cadeira num canto lá de dentro pra te ajudar a organizar tua interminável lista de coisas a fazer com o que viveu. Tentei fervorosamente, mas o amor que não retorna seca, atrofia, morre. O meu aparentemente era utópico demais pra dar certo. Se alguém me dissesse um tempo atrás que passaria, eu diria entre lágrimas : ah, tá. Hoje sei que até o que sangra cura, até o que fere eleva, até o que frustra ensina, mesmo as dores mais agudas se vão. O que fica no lugar? Bem, isso envolve um buraco bem grande, tempo, doses de boa vontade, amizades, porres homéricos (como morfina) e um tanto de fé. Uma história pra outras estações.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ata-me

Foto: George Portz


"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."

(Álvaro de Campos - Tacabaria)

Ata-me no irreproduzível espaço-tempo-história de nós dois. E não me deixes partir quando raiar o dia. Permitas que me deite sobre ti e levante os olhos aos céus numa prece incontida, requerendo continuidade de mim mesma, porque hoje vejo que sou vento leste e terminei por desabar em reticentes ais. Ata-me entre teus doces olhos, prende-me na imensidão dos teus braços, acolhe minha tentativa torta de reinventar a ilusão que havia e ressuscita a espera, os pulos do coração aflito, as lágrimas encantadas a cada partida, os ensinamentos diários de espera e encanto e não deixes que finde o tempo de te dizer do amor. Restaura-me pura e amável como fui um dia e refaze todas as minhas crenças de futuro, porque repouso sobre a medíocre verdade de que nunca soube ser depois de ti.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A pobreza não deveria ser uma sentença de vida


O anúncio fala por si. Resolvi divulgar porque há muita coisa que ultrapassa nossos próprios umbigos acontecendo por aí, e pra mim uma das mais graves, estapafúrdias e odiosas é a segregação social: aquela que separa seres humanos iguais (vida Declaração Universal dos Direitos Humanos) tendo por base conceitos inventados. Olhe nos olhos das pessoas que passarem pelo seu caminho hoje, por mais mal vestidas, mal cheirosas ou desdentadas que sejam: elas nasceram como você, com todas as infinitas possibilidades que você nasceu! Doe um sorriso àqueles que encontrar sem discriminar a cor, a posição, a aparência! Faça algo de concreto por alguém, sem aguardar que se alardeie sua enormidade aos quatro cantos. Seja gente! Ajude a salvar a solidariedade, o amor, a igualdade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Leva-me


Em teus sonhos, teus olhos, teus braços. Leva-me. Quando pensares, chorares, sorrires, quando te cobrires de porvires, leva-me. E traga-me contigo nos maiores encantos, reconhece minha face surpresa nas grandes descobertas, nas maiores saudades e nos cataclismas. Prende tuas heras aos meus braços quando caires e lembra-te dos beijos de olhos fechados quando a esperança se apartar de ti e não mais puderes seguir adiante. Oro para que sejas incapaz de abandonar o amor, porque o amor sentido (ainda que conjugado no pretérito perfeito) basta a si mesmo e as marcas que deixa são suficientemente poderosas para acalentar corações absortos. Eleva-te. Busca-me. Leva-me.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pensando enquanto não escrevo nada


Estou cansado de frases feitas, e poesias de amor. Estou me redimindo dos meus atos passados, pensando no meu futuro. Agindo de forma eloqüente, a vida é só um risco, e nela só existem mudanças. Seria fácil dizer quem sou no momento, mas de que adiantaria? Amanhã já não seria mais nada. É bonito se identificar, é bonito ver o que somos, mas em um minuto deixamos de ser, e tudo se torna velho. Bom mesmo, é deixar que o silêncio responda por si só.

Hemerson F.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pra relaxar


Do inominável naoehamor:


O amor não te dá uma vontade imensa de casar. O nome disso é noitada em Las Vegas. O amor é outra coisa.


P.S.: Vontade incrível de casar é uma coisa que só se tem uma vez. Já aproveitou a sua??? Eu estou sa-tis-fei-ta por essa encarnação e pelos séculos dos séculos, amém.

Hear me!

Descobertas




Há tanta poesia na dor que dizem por aí que ela vicia. De mãos dadas com a solidão (esse mistério personalíssimo que se encerra em algum lugar inacessível no de dentro), a dor induz à sensação inenarrável de se esvaziar para se preencher daquilo que falta. E o fenômeno há que ocorrer sem muita assistência técnica. Porque nem mesmo o amigo mais íntimo consegue trespassar seu peito aberto. E você perde muito, muito sangue mas perceberá brevemente que o coração não parou, você não morreu, apenas inaugurou mais um acesso ao salão dos seus sortidos e laboriosos limites e seus horizontes se alargam um tanto mais e você passa a se divertir com a efemeridade encoberta em cada começo. Eis que surge o mistério da fé. E da crueldade (algumas pessoas tendem a divertir-se daí em diante, subjugando incautos à mesma sensação). Autoconhecimento. Viagem lancinante.

terça-feira, 4 de maio de 2010



hoje me desfiz dos meus bens
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos

o quadro que fica atrás do bar
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos

a tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos

a cama doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos

aquele cinzeiro de cobre
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos

coube tudo num caminhão de mudança
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos

Martha Medeiros - De cara lavada

Tô indo embora. Deixo aqui a quase certamente lúcida impressão de que fiz o melhor que pude com os recursos que tive. Procurei emendar meus defeitos com o último lançamento da super cola, mas há coisas irremediáveis, paciência. Tô seguindo outros rumos, arrumando outro prumo, inaugurando outro norte. Tô indo embora. Deixo as paredes vazias de mim, a cozinha das tardes de domingo sem cheiro de bolo de laranja, os dias sem as flores nos cantos da sala. Fica tudo certo: cada um com seus desejos, com seu futuro e com a própria cama pra arrumar. Estejamos certos, eu e o tempo, de que ir embora traz a doce oportunidade de reinventar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

??



"Porque há direito ao gritoentão eu grito" (Clarisse Lispector)
Excrucitante é tentar entender a infelicidade produzida a dois. Resolvemos em algum momento que seria isso: conjugar os verbos todos na primeira pessoa do plural. Reunir as afinidades minimizando as diferenças. Mas, no curso do tempo que nada perdoa, há silêncios profundos no lugar das palavras. Desatenções tomaram de assalto o território antes reservado aos carinhos, aos beijinhos, às juras de amor. A TV está sempre ligada no dia que era reservado ao cinema, ou ao parque, ou ao teatro, ou ao chopp ao ar livre, enquanto nos cercávamos de planos e flutuávamos na imaterialidade colorida dos sonhos de amor. E depois, a dor de estar só. A constatação da derrota: não conseguimos sair do singular e agora, aquilo que era "nós" se transforma na ditadura do "eu". E as palavras ferinas, humilhantes, destruidoras. E mais à frente os não olhares que revelam o terror de ver no outro (ironicamente "o eleito") um completo e absoluto estranho. Recomeçar "apesar de". Será possível? Tenho preferido o grito e não sei se verdadeiramente é possível reconstruir sobre ruínas.

terça-feira, 27 de abril de 2010

...



Então se esgotaram todas as tuas tentativas de superar as faltas. E tu choras. E sentes o gosto de chorar na boca. E de repente todo o teu corpo é tomado pela úmida rendição escrita nos olhos e tu te entregas ao cansaço de mil dias que vens disfarçando a tempos. Soluços como fortes rajadas tomam teus sentidos e teus olhos se cravam asperamente porque querias demais não sentir. Mas é mais forte que a vontade de parecer bem. Como se tua alma sitiada buscasse escape e na solidão dos nadas acumulados, se esvaisse em água. Admitindo humanidades.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Despertenço


Não me importo com seus insultos, seus reclames, suas interrogações. Eu já era minha antes da entrega e tornei a ser depois que você se foi. Estava com saudade de mim, porque não sabia onde andavam minhas cores e flores. E a liberdade é tão intensa que quase nem me lembro dos seus passos, das ordens feitas pra caber dentro do exato espaço dos dias, dos horários, das caras feias, das intervenções. Agora caibo onde queira estar e minhas entregas são plenas e meus planos, rá! Nem vinte e quatro horas. Escrevo pra lembrar de nós sim, e protejo seu nome em homenagem àquilo que era. Mas não adianta vir com regras, meu caro. Prenda-me se for capaz de deter minhas próprias intenções. Perdoe-me a franqueza, mas quem não quer agora sou eu.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Me, mim, comigo


P.S.: clique pra ampliar a imagem!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Descobertas de menina






Anita online baratésimos, chiquetésimos, delícia.










Lancóme Paris - o red libertine é leeeendo mas não tinha foto.

Refletindo


"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você"
Nietzsche (Além do Bem e do Mal)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Oblíqua

eu. você. coração. rouquidão. loucura. pasmaceira. nervosismo. rubor. pernas. paciência. mãos. olhos. aproximação. tremores. sorrisos. desejos. sonhos. cheiro. sabor. toque. quietude. você. eu. ardências. palpitações. quereres. paixão. insistência. estratégia. silêncio. tentativa. erro. dor. tempo. tempo. pausa. reencontro. beijo. calor. insensatez. pecado. púrpura. escarlate. fogos de artifício. pensamentos. dois. encontro. cintilância. saudade. pureza. calafrios. amor.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Chico

"Éramos nós perfeitos nós enquanto tu és laço frouxo,
tira as mãos de mim
põe as mãos em mim
e vê se a febre dele gravada em mim
te contagia um pouco"

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dia internacional do beijo

Um beijo
Um minuto o nosso beijo
Um só minuto; no entanto
Nesse minuto de beijo
Quantos segundos de espanto!
Quantas mães e esposas loucas
Pelo drama de um momento
Quantos milhares de bocas
Uivando de sofrimento!
Quantas crianças nascendo
Para morrer em seguida
Quanta carne se rompendo
Quanta morte pela vida!
Quantos adeuses efêmeros
Tornados o último adeus
Quantas tíbias, quantos fêmures
Quanta loucura de Deus!
Que mundo de mal-amadas
Com as esperanças perdidas
Que cardume de afogadas
Que pomar de suicidas!
Que mar de entranhas correndo
De corpos desfalecidos
Que choque de trens horrendo
Quantos mortos e feridos!

...Tudo isso pelo encanto

Desse beijo de um minuto:
Desse beijo de um minuto
Mas que cria, em seu transporte
De um minuto, a eternidade
E a vida, de tanta morte.

Vinícius de Moraes - Petrópolis, 18.03.1958